domingo, 10 de maio de 2009


Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, de meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente! Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu!…”

Calaram-se os poetas, tristemente…
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha torre esguia junto ao céu!...


Torre de Névoa, Florbela Espanca

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